Dtox dos contos de fadas
"...E viveram felizes para sempre!" Dos irmãos Grim a Walt Disney, talvez ninguém se dê conta mas há um veneno mortal nos contos de fadas, talvez até mais perigoso que aquele injetado na maçã pela madrasta da Branca de Neve. Desde crianças somos levados a acreditar que uma história de amor só é verdadeira e boa se terminar com essa tão famosa frase.
O mais irônico é que na maioria das vezes isso está tão enraizado no nosso íntimo que não queremos aceitar o argumento do poeta: Sem saber que o "pra sempre" sempre acaba. O sentimento de negação se apodera de nós e está diante dos nossos olhos que já acabou, mas não nos conformamos, afinal não foi isso que aprendemos, como assim acabou se o "pra sempre" deveria demorar por um tempo acima da nossa compreensão?
E é nesse momento que nos demoramos o quanto pudermos no "pra sempre" e nos concentramos tanto nele, que esquecemos do "felizes". Quando acaba é como se houvesse uma quebra na frase, e nessa quebra, jamais o "Felizes" estará no mesmo pedaço que o "pra sempre"
Insistimos desesperadamente, em lutar pelo "pra sempre" e até ficamos lá por um bom tempo, muitos até pela vida toda, passando assim a viver "IN"felizes para sempre.
Mas nosso ego não se permite enxergar, é um golpe duro demais para nosso ele, porque diante do conceito que nos foi passado, essa frase destina-se apenas e tão somente àqueles que possuem um "Amor Verdadeiro". E é nesse momento que montamos a equação que nos ensinaram para classificar, e consequentemente, julgar o nosso amor.
A fórmula é simples Amor Verdadeiro + para sempre = Felizes. o que nos leva a deduzir que se não foi para sempre não poderia ser amor verdadeiro, se não estamos felizes também não pode ser amor verdadeiro, e somos esmagados impiedosamente pela culpa. Começamos a nos questionar e achar que somos estúpidos ao acreditar que o que sentíamos era especial quando na verdade não era.
Mas quem falou que não era? E quem falou que, uma vez sendo, não pode acabar? Quem disse que devemos esperar o "pra sempre" passar e nos manter firmes ali a despeito da nossa vida ter se transformado num inferno e de já não reconhecermos a nós mesmos, apenas para provar que não nos enganamos quanto a veracidade do nosso amor.
Resultado? Uma vida frustrada, um clima tenso, e mágoas que vão se acumulando deixando muitas vezes um rastro de ódio ao final de tudo
Epa! mas espera aí! Quem está falando de ódio? De onde saiu esse termo? Essa parte não deveria estar deste lado do conto de fadas.
E quem define quem é vilão ou mocinho? Quem disse que podemos e devemos ser 100% mocinhos
ou seremos automaticamente 100% bandidos?
Foi uma fada que te falou todas essas coisas? Ou um dos três porquinhos? Talvez até o lobo mal, quem sabe?
A verdade é, que se foi algum desses personagens, a verdade da frase felizes para sempre, é tão real quanto os próprios.
É por isso que eu acho que as pessoas deveriam fazer um Dtox desses conceitos. A partir do momento que você aprende que relação é uma troca e que seu intuito é, exclusivamente fazer bem a ambos, passa a entender que o amor pode ser verdadeiro, e o pra sempre durar apenas uma noite, um mês, mil anos. Até porque o único fator dessa equação que não pode ser variável é a felicidade.
Temos pouco tempo para sermos felizes.
O mesmo poeta, compilou as idéias de dois grandes gênios e cantou:
É um estar-se preso por vontade... Enquanto a relação nos faz bem, queremos estar presos a ela, e isso, por mais paradoxal que pareça é libertador. Quando passamos a nos sentir numa prisão, é a hora de nos libertarmos. O amor é tão sublime, que para ele nem mesmo o fim é algo sombrio ou negativo, Pelo contrário, muitas vezes o fim, é a maior prova de que aquele amor sempre foi, em sua essência o mais verdadeiro.
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